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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Arcadismo



ARCADISMO



O Arcadismo, ou Setecentismo (anos 1700) ou Neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a Segunda metade do século XVIII,porque o espírito reformista envolve este século numa valorização antropocêntrica, de um saber racional que reflete o desenvolvimento tecnológico, industrial, social e científico. Vive-se, agora, o Século das Luzes, o iluminismo burguês que prepara o caminho para a Revolução Francesa.



No início do século XVIII ocorre a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atinge em meados do século um estágio estacionário e mesmo decadente, perdendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascensão burguesa supera a questão religiosa; surgem as primeiras arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássicas; no combate ao poder monárquico, os burgueses cultuam o "bom selvagem", em oposição ao homem corrompido pela sociedade do Ancien Régime ( o velho regime monárquico). Como se observa, a burguesia atinge a hegemonia econômica e passa a lutar pelo poder político, então em mãos da monarquia. Isso se reflete claramente no campo social e artístico: a antiga arte cerimonial cortesã dá lugar ao gosto burguês.



O Arcadismo tem espírito nitidamente reformista, pretendendo reformular o ensino, os hábitos, as atitudes sociais, uma vez que é a manifestação artística de um novo tempo e de uma nova ideologia. No século XVIII a influência sobre Portugal vem da França devido a emancipação política da burguesia. Essa mesma burguesia é responsável pelo desenvolvimento do comércio e da indústria e já assistia a algumas vitórias na Inglaterra e Estados Unidos. Na França, a partir de 1750, os filósofos atacam o poder real e clerical e denunciam a corrupção dos costumes com grande violência.



Em Portugal, o Arcadismo estende-se desde 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, até 1825, com a publicação do poema "Camões", de Almeida Garret, considerado o marco inicial do Romantismo português.



No Brasil, considera-se como data inicial do Arcadismo o ano 1768, em que ocorrem dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A Escola Setecentista desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, a qual, com suas medidas político-administrativas, permite a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.



- CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL



No século XVIII, o fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sociopolítico-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão.



Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura tem por objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão.



Em meados do século XVIII surge na Inglaterra e na França uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um vasto comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da agricultura. Em toda a Europa tais circunstâncias são semelhantes, e as influências do pensamento burguês se alastram. Nesse momento, geram-se duas manifestações distintas, mas que se completam.



O momento poético nasce de um encontro, com a natureza e os afetos comuns do homem, refletidos através da tradição clássica e de formas bem definidas, julgadas dignas de imitação ( Arcadismo); e o momento poético ideológico, que se impõe no meio do século, e traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.



Em 1748, Montesquieu publica O espírito das leis, obra na qual propõe a divisão do governo em três poderes ( Executivo, legislativo e Judiciário). Voltaire, como Montesquieu, relacionado com a alta burguesia, defende uma monarquia esclarecida. Em 1851, dirigido por Diderot e D'Alembert, aparece o Discours préliminaires de l'encyclopédie, cultuando a razão, o progresso e as ciências. Importante papel desempenhou Jean-Jacques Rousseau ( O contrato social; Emílio), defensor de uma governo burguês e do ideal de "bom selvagem"o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe"; portanto, o homem deveria voltar-se para o refúgio da natureza pura). É dentro desse quadro que se desenvolve o Iluminismo europeu, transformando o século XVIII no Século das Luzes, que resulta no despotismo esclarecido, governo forte dando segurança ao capitalismo mercantil da burguesia e preparando terreno para a Revolução Francesa.



A influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século XVIII.



Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de modo simples, e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.



Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroso e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literários árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.



No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.



Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.



- EXPRESSÃO ARTÍSTICA DA BURGUESIA



Foi nesse contexto de fermentação filosófica e lutas políticas que surgiu o Arcadismo, voltado para um novo público consumidor, formado pela burguesia e pela classe média. Como expressão artística dessas camadas sociais, o Arcadismo identifica-se com as idéias da Ilustração e veicula-as sob a forma de valores que se opõem ao tipo de vida levado pelas cortes aristocráticas e à arte que consumiam, o Barroco.



Daí a idealização da vida natural, em oposição à vida urbana; a humildade, em oposição aos gastos exorbitantes da nobreza; o racionalismo, em oposição à fé; a linguagem simples e direta, em oposição à linguagem rebuscada do Barroco. Esses valores artísticos e culturais assumiram, no contexto da sociedade européia do século XVIII, um significado de clara contestação política, já que flagravam os privilégios da nobreza e do clero e propunham uma sociedade mais justa, racional e livre.



O Arcadismo pode ser visto, sob o ponto de vista ideológico, como um arte revolucionária. Contudo, do ponto de vista estético, é uma arte conservadora, pois ainda se liga à tradição clássica, tanto tempo cultivada pelas cortes aristocráticas.



- CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO LITERÁRIO



A linguagem árcade é a expressão das idéias e dos sentimentos do artista do século XVIII. Seus temas e sua construção procuram adequar-se à nova realidade social vivida pela classe que a produzia e a consumia: a burguesia.



Outras características da linguagem árcade que merecem destaque:



Características



- Arte ligada ao Iluminismo. Oposição ao absolutismo despótico e ao poder (barroco) da Igreja.



- Afirmação orgulhosa da racionalidade. Razão = Verdade = Simplicidade e clareza.



- Culto da simplicidade. Como se atinge a mesma? Através da imitação (não no sentido de cópia, mas no de seguir modelos já estabelecidos).



- Imitação dos clássicos gregos. Em especial, Virgílio e Teócrito, clássicos pastoris.



- Imitação da natureza campestre, isto é, da ordem e do equilíbrio que essa natureza apresenta, o que dá a mesma um caráter de paraíso perdido. Dois elementos decorrem da aproximação do árcade da natureza campestre:



- Bucolismo: adequação do homem à harmonia e serenidade da natureza.



- Pastoralismo: celebração da vida pastoril, vista como um eterno idílio entre pastores e pastoras.



- Ausência de subjetividade. O autor não expressa o seu próprio eu, adota uma forma pastoril ( era comum os escritores usarem pseudônimos em seus poemas,sonetos e obras, como exemplo: Cláudio Manuel da Costa é Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é Dirceu, Basílio da Gama é Termindo Sipílio,)



- Amor galante. O amor é entendido como um conjunto de fórmulas convencionais.



fugere urbem ( fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades defendiam o bucolismo como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom.



aurea mediocritas ( vida medíocre materialmente mais rica em realizações espirituais): A idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade. Nestes versos de Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, são exaltados o trabalho manual e o sentimento, em oposição ao artificialismo e às facilidades da vida urbana:



Se não tivermos lãs e peles finas,

Podem mui bem cobrir as carnes nossas

As peles dos cordeiros mal curtidas,

E os panos feitos com as lãs mais grossas.

Mas ao menos será o teu vestido

Por mãos de amor, por minhas mãos cosido.



Idéias iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo direciona certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do Iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o Absolutismo.



Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa o seu amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida junto à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos. O que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. A mulher é vista como um ser superior, inalcançável e imaterial.



Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível, esta idéia é retomada pelos árcades e faz parte do convite amoroso.



- O ARCADISMO EM PORTUGAL



Para os portugueses, o século XVIII iniciou-se com um processo de modernização, através dos planos econômico, político, administrativo, educacional e cultural. A produção literária foi ampla e variada, incentivada principalmente pelas academias literárias árcades. A principal expressão literária desse período, Manuel Maria du Bocage, foi um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos, Nas primeiras décadas desse século, chegaram a Portugal as idéias iluministas, que entusiasmaram intelectuais, artistas e até mesmo o rei D. João V e seu sucessor D.José I, que desejavam modernizar o país.



Esse projeto deveria, ainda, satisfazer os interesses da burguesia mercantil e colonial, equiparando Portugal novamente às grandes nações européias. Com amplos poderes, e, na condição de ministro, o Marquês, foi indicado a liderar essas idéias.



Com formação estrangeira, o Pe. Luis Antônio Verney, mudou significativamente o cenário científico e artístico português, usando projeto de reforma pedagógica. Suas idéias expostas na obra :Verdadeiro método de estudar (1764), em que o escritor, atacava a orientação que os jesuítas davam ao país. Criticava a arte barroca e seus adeptos, como o Pe. Vieira.Nem mesmo Camões escapou das críticas, que viam nas antíteses camonianas, traços da estética barroca.



Essas críticas originaram um amplo debate sobre a necessidade de renovar a cultura portuguesa. Como decorrência desse período de agitação cultural, foi fundada a Arcádia Lusitana, em 1756, considerada o marco introdutório do Arcadismo em Portugal.



As academias literárias



As academias literárias eram agremiações que tinham por objetivo promover o debate permanente sobre a criação artística, avaliar criticamente a produção de seus filiados e facilitar a publicação de suas obras.



Portugal contou com duas importantes academias árcades: a Arcádia Lusitana, que efetivamente deu início ao movimento árcade em Portugal, e a Nova Arcádia (1790), que contou com o maior poeta português do século XVIII: Manuel Maria Barbosa du Bocage.



O gênero literário predominante durante o Arcadismo português foi a poesia.



Durante o século XVIII, dos escritores portugueses que mais se destacaram , um merece atenção especial:



MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE:(Elmano Sadino)



O poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage, também conhecido com o pseudônimo árcade de Elmano Sadino ( Elmano é um anagrama de Manuel e Sadino é relativo ao rio Sado, que corta a cidade de Setúbal, onde nasceu em 15 de setembro de 1765)Além das inúmeras experiências amorosas, ele viveu aventuras nas colônias portuguesas do Oriente como na Índia (Goa) e na China (Macau), teve quase o mesmo caminho que de Camões. Como ele, Bocage também se incorporou em companhias militares, lutou na guerra, naufragou, amou muitas mulheres e sofreu com elas, foi preso e morreu na miséria.



Foi na lírica, em especial nos sonetos, que Bocage atingiu o ponto alto de sua obra, embora também tenha se destacado como poeta satírico e erótico.



Bocage é considerado o melhor escritor português do século XVIII e, ao lado de Camões e de Antero de Quental, um dos três maiores sonetistas de toda a literatura portuguesa. Isso ocorreu porque sua obra traduz o momento transitório que viveu (1765-1805), ou seja, um período marcado por mudanças profundas, como a Revolução Francesa (1789) e o florescimento do Romantismo. Assim, a obra de Bocage, em sua totalidade, não é árcade nem romântica: é uma obra de transição, que apresenta simultaneamente aspectos dos dois movimentos literários.

Arcadismo
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O arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.

A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).

Índice [esconder]
1 Contexto histórico
1.1 Em Portugal
1.2 No Brasil
2 O que era
2.1 Em Portugal
2.2 No Brasil
3 Características
3.1 Gerais
3.2 No Brasil
4 Autores
4.1 Portugal
4.2 Brasil
5 Arcadismo no Brasil
6 Ligações externas



[editar] Contexto histórico
O arcadismo, também chamado de setecentismo (do século XVIII, ou os "anos de 1700") ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. A primeira metade do século XVIII marcou a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: a burguesia ascendente, voltadas para as questões mundanas, passou a deixar em segundo plano a religiosidade que permeava o pensamento barroco; além disso, o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atingia um estágio estacionário e apresentava sinais de declínio, perdendo terreno para a arte burguesa, marcada pelo subjetivismo. Surgiram, então, as primeiras arcádias, que procuravam a pureza e a simplicidade das formas clássicas.

Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.

Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literatos árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.

O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.

Fugere urbem (fuga da cidade)
Locus amoenus (lugar aprazível, ameno)
Aurea Mediocritas (mediocridade áurea - simboliza a valorização das coisas cotidianas focalizadas pela razão)
Inutilia truncat (cortar o inútil - eliminar o rebuscamento barroco)
Neoclassicismo
Pseudônimos pastoris (fingimento poético para não revelar sua identidade)
Carpe diem (aproveite o dia)

[editar] Em Portugal
D. José no trono na casa do pai João
Período Pombalino (1750 a 1777)
Grandes Reformas na Economia
Aumento da exploração na colônia do Brasil
Expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses
A morte de D. José, em 1777, e a queda de Pombal
D. Maria, sucessora do trono, tenta resolver os problemas, cada vez maiores, do Erário Real.
O dominio Inglês em Portugal cresce, e a dependência econômica de Portugal torna-se incontrolável.

[editar] No Brasil
Ver artigo principal: Arcadismo no Brasil
Minas Gerais como centro econômico e político
A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor.
Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco (Aleijadinho)
A corrida pelo ouro se intensifica.
Influências das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros
Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana)
O ciclo da mineração
A expulsão dos jesuítas do Brasil - (1759)
A Inconfidência Mineira(1789)

[editar] O que era
O arcadismo foi uma escola criada na Itália, procurando imitar a lenda grega, os italianos criaram em 1690 uma academia literária, denominada Arcádia que reunia escritores com a finalidade de combater o Barroco e difundir os ideais neoclássicos.


[editar] Em Portugal
Fundação da Arcádia Lusitana (1756)

[editar] No Brasil
Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1768)
Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica (atual Ouro Preto, MG)

[editar] Características
Rococó - estilo artístico situado entre o Barroco (com o qual, às vezes, é confundido) e o Arcadismo. O Rococó durou pouco mais de 35 anos. Assumiu porém, ares de padrão artístico em vários países do mundo, principalmente na américa espanhola e portuguesa.
Predomínio da razão - ênfase aos estatutos da razão, do conhecimento e da ciência. A beleza e o racional caminham lado a lado
Adoção de lemas latinos, tais como:Fugere urbem (fuga da cidade), Locus amoenus (lugar aprazível), Carpe diem (aproveita o dia), Inutilia truncat (Cortar o inútil) etc;
Pastoralismo ou Bucolismo;
Imitação de modelos artísticos greco-romanos - a obediência a regras e convenções clássicas como sinônimo de "imitação", não de cópia pura e simples. Aspectos imitados: quanto à forma (busca da perfeição formal, através da utilização de modelos literários); quanto ao conteúdo (temáticas preferenciais: amor, vida e morte, vida campestre, poesia didática ou doutrinária; recorrência à mitologia pagã);
Convencionalismo (Repetição de temas muito explorados e utilização de lugares comuns da literatura;
Idealização do amor e da mulher.

[editar] Gerais
Idéias Iluministas
Laicismo
Liberalismo
Carpe Diem
Antropocentrismo
Fugere Urbem
Bucolismo (vida bucólica = vida campestre, no campo)
Obs: Apesar do Arcadismo pregar que a vida feliz é a vida no campo e idolatrar a vida campestre e a natureza, o campo ainda é um plano de fundo, apenas. A maioria dos autores não deixam sua vida na cidade pela vida no campo.
Rigor formal
Revalorização da cultura clássica
Aurea Mediocritas
Convencionismo amoroso
Idealização do Sexo
Objetivismo
Sátira Política
Linguagem Simples
Uso dos Versos decassílabos, sonetos e outras formas clássicas
Presos à estética e à forma

[editar] No Brasil
Introdução de paisagens tropicais - Caramuru (de Frei José de Santa Rita Durão)
História colonial muito valorizada
Início do nacionalismo
Início da luta pela independência - Tomás Antônio Gonzaga ("primeira cabeça da inconfidência" segundo Joaquim Silvério, delator da Inconfidência Mineira)
A colônia é colocada como centro das atenções.

[editar] Autores

[editar] Portugal
Manuel Maria Barbosa Du Bocage
Antonio Diniz Cruz e Silva
Correia Garção
Marquesa de Alorna
Francisco José Feire, o Cândido Lusitano

[editar] Brasil
Santa Rita Durão
Cláudio Manuel da Costa
Basílio da Gama
Tomás Antônio Gonzaga
Inácio José de Alvarenga Peixoto
Manuel Inácio da Silva Alvarenga


O termo Arcadismo é derivado de Arcádia, região da Grécia onde pastoreiros viviam em harmonia com a natureza, gostavam e poesia e eram chefiados pelo deus Pã. Neoclassicismo, palavra que também designa o estilo desta fase literária, é utilizado para explicitar a atitude que os escritores tinham em escrever como os clássicos renascentistas.

Em 1756, aconteceu a fundação da Arcádia Lusitana, tendo como referência a Arcádia Romana e 1690. No contexto histórico, Portugal se integra ao restante da Europa e nas terras lusitanas há uma tentativa e reformar o ensino superior a partir de idéias iluministas; marquês de Pombal expulsa os jesuítas e desvencilha o ensino escolar da Igreja Católica.

Em 1779, é fundada a Academia de Ciências de Lisboa, com o objetivo de atualizar o progresso científico da época. No Arcadismo português a poesia é mais cultivada do que a prosa, o autor mais cultuado nesta fase literária portuguesa é Manuel Maria Barbosa Du Bocage, poeta que nasceu em 1765, em Setúbal, ingressou na Escola na Marinha, mas vivendo numa ida boêmia teve uma vida militar irregular. Em viagem à Índia esteve por algum tempo no Rio de Janeiro, retornando a Portugal em 1790.

Du Bocage alcançou grande sucesso literário em sua fase pré-romântica, revelando o seu inconformismo com o rigor habitual dos autores arcadistas tinham em escrever, Bocage se permiti se emocionar em seus poemas. Cronologicamente, o Arcadismo em Portugal termina em 1825, ano inicial do Romantismo português.

Trecho de um poema de Du Bocage:

“Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel das paixões, que me arrastava
Ah! Cego eu cria, ah! Mísero eu sonhava
Em mim, quase imortal, a essência humana!”


Contexto Histórico

A Europa no século XVIII caracteriza-se por mudanças marcantes. O intenso progresso científico (a formulação da lei da gravidade pelo cientista Isaac Newton; a adoção do empirismo como método de aquisição do conhecimento, pela filosofia, e a classificação dos seres vivos pela biologia) conduz à tecnologia e esta ao aumento da produção. Generaliza-se a idéia de que os negócios e a ciência costituem campos separados da religião.
Essas mudanças fazem parte de um movimento cultural que define a fisionomia da Europa no século XVIII: o Iluminismo .
Iluminismo (de iluminar = esclarecer) designa o esforço cultural cujo objetivo era atualizar conceitos, leis e técnicas, visando a atingir maior eficácia e justiça na ordem social. Todo esse esforço baseava-se na concepção de que o progresso poderia trazer mais felicidade a um número maior de pessoas.
Por isso, o século XVIII é conhecido como século das luzes, momento histórico em que se acreditava que tudo podia ser explicado pela razão e pela ciência. Essa crença consolidou-se na Enciclopédia, obra publicada na França, a partir de 1751, coordenada pelos filósofos franceses D'Alembert, Diderot e Voltaire. Nela, procurava-se reunir todo conhecimento de um determinado momento histórico.
A obra foi um grande sucesso editorial e circulou por toda a Europa, chegando ao continente americano no final do século, mesmo enfrentando proibições.
A produção artística do período despoja-se da religiosidade e busca o equilíbrio, refletindo sobretudo o padrão do gosto da burguesia ascendente.
Esse novo estilo é denominado Arcadismo ou Neoclassicismo e consiste, basicamente, na recuperação dos traços principais da arte clássica, já que os clássicos foram considerados fonte de equilíbrio e saberdoria.
Os nomes Arcadismo e Neoclassicismo sintetizam as características predominantes nos textos da época. Veja por quê:

1) Arcadismo
Palavra que deriva de Arcádia, região da Grécia onde pastores e poetas, chefiados pelo deus Pã, dedicavam-se à poesia e ao pastoreiro, vivendo em harmonia perfeita com a natureza. No século XVIII o termo Arcádia passou a designar também as academias literárias que foram criadas na Europa.

2) Neoclassicismo
Nome que deriva do fato de os escritores da época imitarem os clássicos, quer voltando-se para a Antiguidade greco-romana, quer imitando os escritores do Renascimento.

A palavra imitação não deve ser entendida como simples cópia. Trata-se, antes de mais nada, de aceitar e seguir determinadas convenções clássicas.


Arcadismo em Portugal (1756-1825)

O início e o final do período marcampse pelos seguintes fatos:

-1756: Fundação da Arcádia Lusitana, inspirada na Arcádia Romana de 1690;
-1825: Publicação do poema Camões, de Almeida Garrett, considerando o marco inicial do Romantismo português.

Merecem destaque no contexto histórico português os seguintes fatos:

a) a publicação, em 1764, do Verdadeiro método de estudar, de Luís Verney, ensaio inspirado em idéias iluministas, que propõe a reforma do ensino superior em Portugal;
b) a reformado ensino conduzida pelo marquês de Pombal, logo após a expulsão dos jesuístas. O ensino torna-se leigo, ou seja, fora da influência da Igreja;
c) a fundação da Academia de Ciências em Lisboa (1779), cujo objetivo era atualizar a universidade quanto ao progresso cientifíco da época;
d) a reconstrução de Lisboa segundo arrojadas linhas arquitetônicas, após o terremoto de 1755.

A produção literária da época regista pouco interesse pela pros, em que predominam obras científicas, históricas, filosóficas e pedagógicas. A poesia é a forma literária mais cultivada.

Autor e obra

Manuel Maria Barbosa du Bocage

Merece destaque no Arcadismo português o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage.
Nasceu em 1765, em Setúbal. Sua vida boêmia incluiu paixão por Gertrudes, que se transformaria em sua musa sob o pseudônimo e Gertrúria. Seguem-se episódios de uma vida aventureira e dissoluta, a que não faltam prisões e até o recolhimento forçado em um mosteiro. Morreu em 1805, em Lisboa, vítima de aneurisma. Seu pseudônimo árcade era Elmano Sadino.
A obra de Bocage compreende poesia satírica e poesia lírica.

Poesia satírica

Foi graças à obra satírica que se tornou conhecido, embora não seja a parte mais importante de sua obra.

Poesia lírica

É a melhor parte da poesia bocagiana. Nela consideram-se duas fases: a árcade e a pré-romântica.
Na fase árcade, nota-se a preocupação em seguir as convenções do estilo em moda.
Na fase pré-romântica é o ponto alto de sua poesia lírica, valendo-lhe o posto de melhor poeta português do século XVIII. Contrariando princípios árcades, Bocage escreve uma poesia de emoção, solidão e confissão, em que predomina uma visão fatalista e pessimista do mundo.

Arcadismo no Brasil (1768-1836)

Em 1768 inaugura-se o estilo árcade no Brasil com a publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa.
O estilo árcade ficará em moda aé a publicação, em 1836, da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves Magalhães, que marca o início do Romantismo entre nós.

Contexto histórico

O século XVIII, no Brasil, é considerado como século do ouro, graças à intensa atividade de extração mineral. Desloca-se o eixo econômico - e com ele o cultural - para Minas Gerais (centro de extração do minério) e o Rio de Janeiro (porto de escoamento e capital da colônia desde 1763).
Com a finalidade de contrabalançar seu déficit comercial, Portugal explorava ao máximo sua colônia americana. Os impostos sobre extração dos minérios aumentava cada vez mais, dando origem a uma generalizada insatisfação.
Juntam-se a isso a influência das idéias liberais, trazidas pelos estudantes brasileiros que passavam pelo Velho Continente, e a independência dos Estados Unidos. Todos esses fatos culminaram na Inconfidência Mineira, preparada por um pequeno grupo de letrados, muitos deles ex-estudantes da Universidade de Coimbra.
Esse mesmo grupo de oposição política era, basicamente, o grupo que produzia ciência e literatura.
Identifica-se na época uma literatura disposta a afastar-se dos modelos portugueses, embora a imitação dos clássicos seja ainda bem nítida.
Além das outras características árcades, revela-se a busca de uma identidade brasileira, sobretudo:

a) pelo aproveitamento do indígena como herói literário.
Esse aproveitamento ocorreu principalmente na poesia épica que aqui se produziu. É o caso dos poemas épicos O Uruguai, de Basílio da Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão.

b) pela visão crítica da situação política do país, ocorre no poema satírico de Cartas chilenas.

Claúdio Manuel da Costa (1729-1789)

Nasceu em Minas e, após completar o curso de Direito em Coimbra, viveu um tempo em Lisboa, onde entrou em contato com as novidades do Arcadismo. Retornando ao Brasil, tomou parte na Inconfidência Mineira. Morreu na prisão. Glauceste Satúrnio foi seu pseudônimo árcade, sendo Nise sua musa-pastora.

Poesia lírica

A obra lírica de Claúdio Manuel da Costa sofreu grande influência da poesia camoniana. O sentimento amoroso e a descrição da natureza ocupam lugar de destaque em seus poemas.

Poesia épica

O poema épico Vila Rica narra a fundação e a história da cidade, exaltando a aventura dos bandeirantes.

Tomás Antônio Gonzaga

Filho de pai brasileiro e mãe portuguesa, nasceu em Porto (Portugal) em 1744. Estudou Direito em Coimbra, tendo voltado para o Brasil em 1782. Exerceu o cargo de juiz em Vila Rica, antes d ser preso junto com os outros inconfidentes. Sua pena foi o degredo para Moçambique, onde se casou com uma viúva. O pseudônimo árcade adotado por Gonzaga foi Dirceu. Marília é o pseudônimo que inventou para Maria Joaquina de Seixas, sua musa, uma jovem de 16 anos por quem se apaixonou e para quem escreveu suas conhecidas Liras. Morreu em Moçambique, em 1810.

Poesia lírica

Em Marília de Dirceu, obra composta de liras, o poeta, transformado em um eu-lírico pastor (Dirceu), mostra-nos sua paixão por Marília. A obra divide-se em duas partes:

a) A primeira contém confidências amorosas, descrições da amada, planos e sonhos de felicidade conjugal.
b) Na segunda parte agrupam-se os poemas escritos no cárcere, revelando seu sofrimento físico e moral do poeta.

Poesia satírica

Nas Cartas chilenas, poemas satíricos que percorreram Vila Rica antes da Inconfidência, em forma de manuscrita e anônima, Tomás Gonzaga critica o governador de Minas, Luís da Cunha Meneses, que aparece no texto com o pseudônimo satírico de Fanfarrão Minésio.
As cartas são escritas por Critilo (o próprio Gonzaga) e dirigidas a Doroteu (provavelmente Cláudio Manuel da Costa). Fonte: Livro "Língua e Literatura

ARCADISMO EM PORTUGAL/Bocage 1Frente: 01 Aula: 02Fale conosco www.portalimpacto.com.brProf: MICHEL GOMES 1. Manoel Maria du Bocage Poeta lírico neoclássicoportuguês, que tinha pretensão a vir a ser um segundo Camões, mas que dissipou suas energias numa vida agitada. Nasceu em Setúbal, em 15/09/1765 e morreu em Lisboa (21/12/1805), aos 40 anos de idade,vítima de um aneurisma. Ingressou na Nova Arcádia usando o pseudônimo deElmano Sadino, também é conhecido como poeta obsceno e erótico na autoria de alguns sonetos satíricos. Notamos em sua obra o predomínio deuma “sensibilidade” do poeta; ao mesmo tempo uma “sensibilidade” sobre a razão, valorizando o sentimentalismo, marcado por um profundo sofrimento, pelo ciúme e o abandono, gerando um gosto pelo lado escuro da vida e tendo como únicasolução para seus problemas a morte, o que marcade certa forma a sua chegada ao Romantismo. Compreensão textual SONETO I Ó tranças, de que Amor prisão me tece, Ó mãos de neve, que regeis meu fado! Ó Tesouro! ó mistério! ó par sagrado, Onde o menino alígero(1) adormece! Ó ledos(2) olhos, cuja luz parece Tênue raio do sol! Ó gesto(3) amado, De rosas e açucenas semeado Por quem morrera esta alma, se pudesse!Ó lábios, cujo riso a paz me tira, E por cujos dulcíssimos favores Talvez o próprio Júpiter(4) suspira! Ó perfeições! Ó dons encantadores! De quem sois?... Sois de Vênus?(5) – É mentira; Sóis de Marília, sois de meus amores.Glossário 1- Cúpido / Literalmente, alígero significa rápido ligeiro. 2- Risonho alegre. 3- Significa rosto, é muito comum na poesia clássica. 4- Deus supremo, o pai de todos. 5 - Deusa da beleza e do amor. Comentários: Tal soneto exemplifica a estética árcade.Neste, observamos a presença da natureza, bem como de figuras mitológicas como Vênus eJúpiter. O poema é construído tomando como temaà oposição beleza e o seu efeito sobre o poeta. As mãos da tágide tecituram o fado do poeta e os lábios da musa tiram a sua paz. A beleza dionisíaca da mulher amada é demonstrada aolongo do poema e, ao final, a mulher serácomparada a Vênus (Afrodite), deusa da beleza edo amor e transparece tanto a mesma beleza, que mesmo Júpiter (Zeus) por ela suspira apaixonado. Soneto II “Importuna Razão, não me persigas; Cesse a ríspida voz que em vão murmura; Se a lei do Amor se força da ternura Nem domas, nem contrastas, nem mitingas:(1) Se acusas os mortais, e os não abrigas, Se (conhecendo o mal) não dás a cura, Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razão, não me persigas. É teu fim, teu projeto encher de pejo(2) Esta alma, frágilvítima daquela Que, injusta e vária, noutros laços vejo:Queres que fuja de Marília bela, Que a maldiga, a desdenhe; e meu desejoÉ carpir,(3) delirar, morrer por ela.” É carpir,(3) delirar, morrer por ela. Glossário 1- amansar, abrandar. 2- vergonha, pudor. 3- sofrer, chorar. Comentários: Nesse soneto fazem-se presentes traços do Arcadismo e também da estética romântica. Marília está em outros laços, este último vocábulo pode receber a conotação do termo ‘outros braços’. Essa visão real, essa"Importuna Razão" persegue o eu-lírico, que, aos invés de lhe dar ouvidos, prefere apreciar sua loucura. A Razão que é personificada pelo uso
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Page 2
Fale conosco www.portalimpacto.com.brde iniciais maiúsculas, pede para o eu-lírico fuja da mulher amada, contudo, seu desejo "É carpir, delirar, morrer por ela." É notório neste poema a existência deum conflito entre a razão árcade e a subjetividaderomântica. SONETO III Oh retrato da morte, oh Noite amigaPor cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda Amor, que a ti somente os diga Dá-lhes pio(1) agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga E vós, oh cortesãos da escuridade Fantasmas vagos, mochos(2) piadores, Inimigos, como eu, da claridade!Em bandos acudi aos meus clamores; Quero a vossa medonha sociedade,Quero fartar meu coração de horrores. Glossário1– piedoso.2- espécie de coruja. Comentários: Bocage, neste poema, anunciaa vinda do Romantismo. A morte se faz presente, confunde-se com a noite e é amiga do eu-lírico, mais que isso, ela é a "Calada testemunha" do seu pranto. Além disso, surgem fantasmas e mochos, figuras noturnas, que tal como o poeta sãoinimigos da claridade. Claridade essa que não deve ser vista simplesmente como luz, mas sim comometáforas daluz doconhecimento e da razão, que seopõe à noite, ou seja, a incerteza,aos mistérios da alma, porém, essa atmosfera romântica, que envolve o eu-lírico, não atinge a mulher amada, que alheia a tudo isso, dorme tranqüilamente. SONETO IV Meu ser evaporei na lida(1) insana Do tropel(2) de paixões, que me arrastava Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essência humana. De que inúmeros sóis a mente ufana(3) Existência falaz me não dourava! Prazeres, sócios meus e meus tiranos! Esta alma, que sedenta em si não coube No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube Ganhe um momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube. Glossário 1- Vida 2- Grande confusão, desordem 3- Que se orgulha de algoComentários: Esse soneto, de tom confessional, é um dos poemas de Bocage mais reproduzidos no Brasil. Elefoi escrito pouco antes da morte de Bocage e é outro exemplo do pré-romantismo, porque a emoção, mais uma vez é contraída pela rigidez do verso. Nopoema, o eu-lírico nos mostra como a sua vida foiconsumida em prazeres e amores. No último terceto ele invoca Deus, arrepende-se dos erros cometidos em vida e, mostrando que está totalmente reconciliado com a religião, espera encontrar naeternidade o perdão Divino. Bibliografia: Elegia que o mais ingenuo e verdadeiro sentimentoconsagra á deploravel morte do ill.mo e ex.mo sr. D. José Thomaz de Menezes, etc., seu autor M. M. B.B., Lisboa, 1790; Queixumes do pastor Elmano contra a falsidade da pastora Urselina; ecloga,Lisboa, 1791; Idyllios maritimos recitados na Academia das Bellas Letras de Lisboa, pelo socio M. M. de B. du B., Lisboa, 1791; 2.ª edição em 1821; e 3.ª em 1825; Rimas de Manuel Maria de Barbosa du Bocage, tomo I, 1791



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EURICO, O PRESBÍTERO - ALEXANDRE HERCULANO
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Resumo da Trama:
Eurico e Hermengarda amam-se, entretanto, embora ele seja um gardingo (nobre, entre os visigodos), não tem a permissão do pai da moça, Favila, duque da Cantábria, que proíbe o relacionamento. Abandonando a corte de Toletum (Toledo), Eurico refugia-se na religião para esquecer o sofrimento amoroso, torna-se presbítero (sacerdote), passando a viver retirado em Cartéia, pequena cidade perto de Calpe (Gibraltar). Torna-se um bispo famoso, autor de hinos religiosos conhecidos em todos os mosteiros e conventos. Por essa época, os árabes invadem a Península, e Eurico que passeava uma tarde por ali, presencia o desembarque dos árabes chefiados por Tárique e descobre que Juliano, conde de Septum é um traidor. Eurico envia uma carta a Teodomiro, duque de Córduba para que se organize as tropas para a defesa do reino visigodo. O exército visigodo é derrotado às margens do rio Críssus, depois de feroz batalha, em que os traidores do rei Roderico se mostram passando para o lado dos árabes (Sisebuto, Opas – bispo de Hispális, além de Juliano). Roderico morre, Teodomiro foge e faz um armistício com os árabes e Pelágio, irmão de Hermengarda organiza a resistência nas montanhas das Astúrias. Nessa grande batalha um cavaleiro misterioso, vestido de negro, é o último a se retirar, lutando com tal ímpeto e coragem, que os árabes, mesmo vitoriosos, passam a temê-lo, supersticiosamente, acreditando ser ele a personificação de Ibliz, um demônio infernal. É o presbítero de Cartéia, que, sempre incógnito, une-se posteriormente, nas montanhas, à resistência chefiada por Pelágio, o irmão de Hermengarda. Esta, por sua vez, fora aprisionada pelos árabes durante o ataque ao convento em que se refugiara, onde apesar da tentativa de resistência dos visigodos chefiados por Atanagildo, este vê-se forçado a entregar o convento e as religiosas optam pelo suicídio antes de cair nas mãos dos árabes, mas Hermengarda é capturada viva e entregue nas mãos de Abdulaziz, grande chefe árabe.. O cavaleiro negro, chefiando doze homens de Pelágio, consegue resgatá-la do acampamento de Abdulazis, o amir que a tomara por escrava. O amir ordena a perseguição aos homens de Pelágio. Eurico revela, enfim, sua identidade, mas está impedido de unir-se a Hermengarda devido aos votos sacerdotais, sente-se um homem dividido entre o amor carnal e a religião. Na batalha de Auseba, num cenário de floresta e montanhas, Pelágio organiza a resistência. Eurico desaparece entre os árabes, não sem antes matar os traidores Opas e Juliano e de intencionalmente deixar-se ser degolado pela espada de Mugite afirmando: “Meu Deus! Meu Deus! Possa o sangue do mártir remir o crime do presbitero!”. Seu crime era a paixão por Hermengarda. Já bastante atormentada por longos sofrimentos, Hermengarda não suporta as emoções da revelação e enlouquece.
EURICO O PRESBÍTERO
1. Ação
Eurico, nobre gardingo, mas sem bens de fortuna, fora impedido de casar com Hermengarda, filha do orgulhoso Fábila. Trocou então a armadura de guerreiro valente que era, pela batina de sacerdote. Dedicou-se à vida paroquial em Carteia, terreola insignificante, situada nas proximidades de Gibraltar.
Os primeiros capítulos do romance, em bela prosa poética, são desabafos do coração do presbítero. Solitário, vagueia enregelado, altas horas da noite, pelas ribas do oceano. Lamenta a sua infelicidade amorosa e a condição decadente da sociedade goda. Prevê o avanço de nuvens negras sobre a Espanha cristã. O futuro de todos aparece-lhe desesperadamente sombrio.
Dá-se a invasão árabe. Nas hostes cristãs em debandada, sobressai o heroísmo do «cavaleiro negro», que ninguém sabe quem é.
Hermengarda, a filha do altivo Fábila, é aprisionada, quando fugia para as Astúrias com os últimos cristãos resistentes, comandados por seu irmão Pelágio, derradeira esperança dos Godos. Prestes a ser desonrada pelo comandante dos exércitos árabes, é salva espectularmente pelo «cavaleiro negro» e conduzida até Covadonga.
Os Árabes sofrem aí a primeira derrota e os cristãos cantam vitória pela primeira vez. Após esse dia maravilhoso, todos descansam. O «cavaleiro negro» -- espanto dos Mouros e admiração dos Cristãos -- identifica-se perante Hermengarda, que cai, louca de amor, em seus braços e lhe pede para no dia seguinte casar com ela. É Eurico, seu antigo noivo... Lembrando-se a tempo de que é sacerdote, o «cavaleiro negro», ululando como um leão ferido, desaparece, para não mais ser visto, e vai oferecer-se à morte, numa luta escusada com os últimos fugitivos do exército mourisco. Hermengarda enlouquece.
Em Eurico o Presbítero há uma intriga amorosa ao lado do enredo político-militar.
2. A estética do livro
O livro é poema, é crônica e é lenda romântica.
a) Poema romântico em prosa.
Nos capítulos IV, V e VI, há páginas repletas de sentidas expressões líricas. É aqui que Eurico é o perfeito «alter-ego» do autor. Sob a batina goda do presbítero temos de descortinar o filosófico engenho poético de Herculano, com a sua conhecida propensão para a meditação, para a reflexão profunda sobre os problemas do homem.
b) Crônica.
Além de poema este livro é crônica. Isso mesmo se depreende da cor local em que se desenrola a ação, e de certa fidelidade histórica que aflora à superfície de toda a obra, sobretudo no que respeita à vida pública dos Godos, que Herculano confessa conhecer muito bem.
Neste afã de pintar, o historiador não foi manietado pelo romancista, ao descrever os locais, as armas, as vestes, as traições, o evolucionar geral da história da Península num dos seus períodos mais nebulosos.
c) Lenda romântica
É também lenda romântica, como o documentam a paisagem, a hora dos acontecimentos e as personagens.
A paisagem é o belo-horrível dos românticos.
A hora dos acontecimentos é romântica.
As personagens são românticas também.
O «Cavaleiro Negro» é o típico herói do romantismo.
Note-se, porém, que a ação arrasta-se numa efabulação lenta e as personagens verdadeiramente diferenciadas são poucas. O enredo sentimental é diminuto e contrasta com majestosas descrições de paisagens e com os contínuos movimentos políticos e militares. Assim, teremos de considerar esta obra um romance mais de ação política e militar do que propriamente passional.
d) Visão subjetiva da realidade.
Nesta novela Herculano deu largas à sua imaginação romântica.
Descrevendo uma época de dissolução moral e política (as virtudes dos Godos atrofiadas por vícios provenientes dos decadentes Romanos), por ali semeia pessimismo social, estoicismo guerreiro, tensão espiritual, um certo saudosismo pelas glórias do passado, ascetismo profético, a crença num Deus justiceiro típico do Velho Testamento. Pretende, através do enredo sentimental, documentar a impossibilidade de se encontrar a paz do espírito no refúgio do misticismo; e que o sacrilégio, atentatório dos direitos do absoluto, tem de ser expiado pelo sacrifício cruento.
O celibato de Eurico conduz a ação, como é próprio da estética romântica, a uma situação de tragédia: se o presbítero se une a Hermengarda, será um precito (condenado); se a abandona, leva-a à loucura e mais não lhe resta senão procurar voluntariamente a paz entre os morto.
3. Estilo e linguagem
Algumas características do romance:
1. Na obra vislumbramos um misto de tragédia e de epopéia.
2. Uma história de amor contrariado.
3. A sede de vingança encarnada em algumas personagens, que se movem como autênticos monstros.
4. Gosto pelas aventuras cavaleirescas e insistência na gravidade do sacrilégio, expiado no remorso e na dor. Choque violento do espiritual com o temporal.
5. Digressões em apartes, ora sarcásticas, ora líricas, ora doutrinais.
6. Separação de gêneros literários na seqüência da ação.
Herculano, na estrutura do romance utiliza:
o diálogo, vertiginoso umas vezes e cheio de dramatismo, outras vezes enfático;
a descrição minuciosa de exteriores e interiores;
a narração de cenas ao ar livre (ou em interiores);
a dissertação sobre assuntos morais e políticos, religiosos, históricos e sociais, num jeito professoral muito próprio.
Estes gêneros não se interpenetram: freqüentemente encontram-se em capítulos sucessivos.
7. Narração de cenas movimentadas (o rapto de Hermengarda e a fuga e perseguição que se lhe seguiram). Nas frases acumulam-se então verbos como bater, correr, atacar, romper, avançar, retroceder, acometer, arremessar, galgar, derribar, ferver, ferir, encontrar e ainda o dinâmico infinito substantivado.
8. Exagero da solidão, do noturno, do crepuscular, do fúnebre.
9. Uma linguagem poética, em partes simétricas, com ritmo quase versificatório, cheia de nobreza, a exprimir-se num tom ora sonhador ora lamuriento, às vezes a assemelhar o Barroco, outras vezes o Ultra-romantismo.
PANORÂMA GERAL DA OBRA
Há que distinguir na multifacetada obra de Herculano diversos gêneros literários -- poesia, romance, história e polêmica.
Tendo vivido intimamente ligado ao movimento romântico, de que foi um dos mentores, a sua obra reflete intensamente as tendências gerais do romantismo.
A sua poesia tem geralmente por tema a meditação sobre a morte, o infinito, o finito, Deus e liberdade, em que participa a natureza, que dá um contributo para o estado de espírito do autor. Legou-nos também o testemunho poético da situação de crise social desencadeada pela instauração do Liberalismo.
Como romancista, Herculano foi o introdutor do romance histórico em Portugal, género consagrado por Walter Scott. Podemos dizer que foi do romance histórico que nasceu o moderno romance português. Pertencem a este gênero literário O Bobo, Eurico o Presbítero, O Monge de Cister e Lendas e Narrativas, obras em que perpassam as principais características do Romantismo, das quais ressalta como mais evidente a preferência por temas medievais e de reconstituição histórica.
Talvez a razão do pendor do autor para este gênero literário se devesse ao interesse pela história científica.
Como historiador tentou dar uma história de sociedades e não de indivíduos, apresentando o fator histórico e político como resultado da dinâmica social sempre existente numa comunidade.
A obra polêmica de Herculano distingue a querela com o clero pelas afirmações feitas na História de Portugal, a defesa de uma posição política conservadora e a luta por um ensino popular de caráter agrícola e técnico. Nesta atividade, a sua influência foi profunda entre os seus contemporâneos, sobretudo pelo tom solene que conferia aos assuntos de que tratava, dando mesmo ao caso pessoal o tom de «grande causa».
A obra foi editada em volume em 1844, um ano depois de ter saído em excertos no Panorama e na Revista Universal Lisbonense.
Faz o Eurico parte do Monásticon, conjunto formado por esta obra e por O Monge de Cister, em que fundamentalmente Herculano trata o problema do celibato monástico, integrando-o na problemática das duas formas de sagrado -- a santidade e a maldição.
O herói deste poema épico em prosa tem sido apresentado como o alter ego de Herculano e nele de fato o autor consubstancia grande parte das suas convicções, anseios, frustrações e mitos.
Eurico (Herculano) é o homem permanentemente dividido entre o barro terreno e o absoluto divino, é o ser aspirante ao sagrado, mas dilacerado interiormente pela renúncia, embora voluntária. Perfeitamente integrado no ideário romântico, o autor situa a obra no ambiente medieval, transpondo para a sua época os conflitos sociais e políticos descritos, que encontram eco na luta interior das personagens.
A solidão moral do celibato de Eurico poderá ser lida como o sacerdócio leigo de Herculano, que renunciou ao amor de juventude em prol duma dedicação total à causa social, política e literária.
Em Hermengarda reconhecemos o dramatismo duma Ofélia de Shakespeare, figura paradigmática ressuscitada e largamente utilizada pelos românticos como a «penitente do amor».
A construção da obra e a linguagem utilizada deixam-nos bem clara a intenção, aliás, confessado pelo autor, de lhe conferir um sopro épico que a aproxime, pelo conteúdo e pela forma, da canção de gesta.
Pela oposição sistemática entre o sublime e o grotesco, sagrado e profano, pelo tom melodramático, pela redescoberta da sociedade medieval, Eurico é exemplo flagrante da inserção inequívoca de Herculano no movimento romântico, ao qual deu valioso subsídio como poeta, historiador e romancista.

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