Este blog é para todos que seguem a evolução do homem,desde a religião,o tempo TEOCÊNTRICO,passando pela LITERATURA e analogando com a FILOSOFIA
terça-feira, 7 de abril de 2009
Poesia experimental
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Ana Hatherly
Poeta, romancista, ensaísta e tradutora, Ana Hatherly iniciou a carreira literária em 1958.
Tendo sido um dos principais elementos do grupo de Poesia Experimental nos anos 60 e 70, o seu trabalho está representado nas mais importantes Antologias e Histórias da Literatura Contemporânea de Portugal, Brasil, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Dinamarca, Suécia, Holanda, e República Checa.
É também autora de várias traduções para português de obras inglesas, francesas, italianas e espanholas.
Durante as últimas duas décadas, tem-se dedicado ao estudo da literatura portuguesa e espanhola do "Siglo d'Oro", tendo publicado vários ensaios e comunicações sobre o tema em várias das mais conceituadas publicações literárias de Portugal e do estrangeiro.
Licenciada pela Universidade de Lisboa e Doutorada em Literaturas Hispânicas pela Universidade de Berkeley (U.S.A.), é actualmente Professora Catedrática de Literatura Portuguesa na Universidade Nova de Lisboa e Presidente do Instituto de Estudos Portugueses da mesma Universidade. É ainda membro da Direcção do PEN Club, de que já foi Presidente.
Referenciada, a nível poético, como um dos nomes mais importantes das vanguardas portuguesas da segunda metade do século, a sua poesia reúne fortes tendências barroquizantes e visuais que a têm já levado a um apagamento de fronteiras entre expressão poética e intervenção plástica. É esse o caso, por exemplo, de Mapas da Imaginação e da Memória (1973), bem como das várias exposições que incluem desenho, pintura e colagem, realizadas em galerias e centros de exposições, como o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Museu do Chiado e Fundação da Casa de Serralves, para além das participações na Bienal de Veneza e Bienal de S. Paulo (Brasil).
fonte: Ministério da Cultura e Instituto Português do Livro e da Leitura
Poesia
Um Ritmo Perdido. Lisboa: 1958.
As Aparências. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural, 1959.
A Dama e o Cavaleiro. Lisboa: Guimarães, 1960.
Sigma. Lisboa: 1965.
Anagramático. Lisboa: Moraes, 1970.
O Escritor. Lisboa: Moraes, 1975.
Poesia (1958-1978). Lisboa: Moraes, 1979.
O Cisne Intacto. Porto: Limiar, 1983.
A Cidade das Palavras. Lisboa: Quetzal, 1988.
Volúpsia. Lisboa: Quimera, 1994.
351 Tisanas. Lisboa: Quimera, 1997.
A Idade da Escrita (Lisboa, Edições Tema, 1998).
Variações (no prelo).
Ficção
O Mestre. Lisboa: Arcádia, 1963; 2ª ed., Moraes, 1976; 3ª ed,. Quimera, 1995.
Crónicas, Anacrónicas, Quase-Tisanas e outras Neo-Prosas. Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1977.
Anacrusa. Lisboa: Edições Engrenagem, 1983.
Ensaio
O Espaço Crítico. Lisboa: Caminho, 1979.
PO.EX - Poesia Experimental Portuguesa (com E. M. de Mello e Castro). Lisboa: Moraes, 1981.
A Experiência do Prodígio - Bases Teóricas e Antologia de Textos-Visuais Portugueses dos séculos XVII e XVIII. Lisboa:
I.N.C.M., 1983.
Defesa e Condenação da Manice. Lisboa: Quimera, 1989.
Poemas em Língua de Preto dos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Quimera, 1990.
Elogio da Pintura (com Luís Moura Sobral). Lisboa: Instituto Português do Património Cultural, 1991.
A Preciosa, de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1991.
Lampadário de Cristal, de Frei Jerónimo Baía. Lisboa: Editorial Comunicação, 1991.
O Desafio Venturoso, de António Barbosa Bacelar. Lisboa: Assírio & Alvim, 1991.
O Triunfo do Rosário, de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Quimera, 1992.
A Casa das Musas. Lisboa: Estampa, 1995.
O Ladrão Cristalino. Lisboa: Edições Cosmos, 1997.
Auto-Retrato
Parafraseando Sor Juana Inés de la Cruz e Sóror Violante do Céu
Procura desmentir los elogios que a un retrato de la Poetisa inscribió la verdad, que llama pasión
Este, que ves, engaño colorido,
que del arte ostentando tos primores
con falsos silogismos de colores
es cauteloso engaño del sentido;
Este, en quién la lisonja ha pretendido
excusar de los años los horrores,
y vencendo del tiempo los rigores
triunfo de la vejez y del olvido,
Es un a vano artificio del cuidado
es una flor al viento Delicada,
es un resguardo inútil para el hado;
es una necia diliqencia errada,
es un afán caduco y, bien mirado,
es cadáver es polvo, es sombra, es nada
Sor Juana Inés de la Cruz, séc. XVII
(Parafraseando Gôngora)
O círculo é a forma eleita
O círculo é a forma eleita
É ovo, é zero.
É ciclo, é ciência.
Nele se inclui todo o mistério
E toda a sapiência.
É o que está feito,
Perfeito e determinado,
É o que principia
No que está acabado.
A viagem que o meu ser empreende
Começa em mim,
E fora de mim,
Ainda a mim se prende.
A senda mais perigosa.
Em nós se consumando,
Passando a existência
Mil círculos concêntricos
Desenhando.
o e
o e
ai e ie o e
o o é
o ai é
ou u eu
e e e
o a a a é
e ou e e
ui e e e i
e eu ou i
é ai é eu
eu a e e
e e ai u
ou e e u
au i ie e
o o e e
a e e à
Vai-te embora
vai-te embora
vai de mim
vai pr'a fóra
vai-te enfim
mas
lembrate lembrame
de
mim
de
mim
de
mim
Gostas da palavra litote?
gostas da palavra litote?
é um tropo.
e não gostas da palavra tropolitote?
então diz comigo:
tropolitóóóóóóóte !
litote
tropope
tropolipope
tripopopote
tripolitripolitote
tripolitripolipoli
toliloli
tropopopoli
tripopeli
popoli
poplili
popli
popliiii,
Escritura
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E.M. De Melo e Castro
Soneto Soma 14X
1 4 3 4 2
2 3 3 0 6
4 1 6 1 2
3 2 2 1 6
5 0 0 1 8
2 1 2 5 4
1 4 0 1 8
3 2 4 1 4
3 1 2 3 5
5 4 1 2 2
3 0 4 2 5
4 3 3 1 3
5 1 2 1 5
8 9 3 5 3
Os erros de Eros
Eros olha o espelho e vê narciso arder
nas tetas insufladas um diabo qualquer
prolonga a se fusão do orgasmo
meus erros são meus erros
aqui presentes todos
nesta escrita de pernas
os penetro de fodas
circulares
que inadequados ais
ou dúvidas se alinham
nas sevícias venais
dos polícias que tinham
Paga e repaga
A paga
eu gostaria muito sim talvez
dar uma enorme foda todo o mês
numa mulher que se chamasse Inês
e que tivesse um gato siamês
que não me chateasse cada vez
que nela me pusesse de viés
porque as mulheres pensam que talvez
no foder se paga tudo de uma vez
mas nunca se lembram que ao invés
o pagar nada tem com as fodas que dês
porque ainda ontem dei ai umas dez
e a paga que tive foi um chato burguês
A repaga
não penses tu proleta fodilhão
que lá por seres caralho
tens razão
nem que todas as fodas que me dês
são a fácil desforra
do tesão
porque a cona é que sabe
do vir ou do não vir
e só no seu sorrir
é que o caralho sobe
mas se és mal pago
não vais morrer de fomes
e se me pagas
não pagas o que comes.
(e o chato talvez
não seja mais
que o teu retrato
português)
uma chama não chama a mesma chama
uma chama não chama a mesma chama
há uma outra chama que se chama
em cada chama que chama pela chama
que a chama no chamar se incendeia
um nome não nome o mesmo nome
um outro nome nome que nomeia
em cada nome o meio pelo nome
que o nome no nome se nomeia
uma chama um nome a mesma chama
há um outro nome que se chama
em cada nome o chama pelo nome
que a chama no nome se incendeia
um nome uma chama o mesmo nome
há uma outra chama que nomeia
em cada chama o nome que se chama
o nome que na chama se incendeia
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Salette Tavares
(1922 - 1994)
Poetisa portuguesa, nascida na cidade de Lourenço Marques (actual Maputo, Moçambique). Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1948. Em Paris, a partir de 1949, estudou Filosofia e Arte. Dez anos mais tarde, em Itália, dedicou-se a estudos de Linguística, de Estética e de Teoria da Arte.
Ligada aos movimentos experimentais da literatura portuguesa, colaborou em «Poesia Experimental 122», em «Hidra 1» e na exposição «Visopoemas», de 1965. Explorando as possibilidades da disposição gráfica do poema e a consequente deturpação da sintaxe, reflecte frequentemente temas e ambientes tradicionalmente ligados ao mundo feminino. Escreveu Espelho Cego (1958), Concerto em Mi Bemol para Clarinete e Bateria (1961), Forma Poética (1965), Tempo (1965), Forma e Criação (1965), 14563 Palavras de Pedro Sete (1965), Quadrada (1967) e Lex Icon (1971).
Kinetofonia
Arranhisso
Espelho Cego
Eu leio o meu destino nos jornais.
Eu vejo os Signos do Domingo nos chifres do Carneiro
e creio
no regaço em que me leva algum planeta
a jogar no firmamento.
Enigma Lua
Esqueceste
o touro e o grito
a parede branca e fria
a cabeça decepada enfunada
vento sangue ferido.
Esqueceste
a lâmpada no teto amarelo
rio de sombra corrido
cavalo eriçado na tábua
no quarto.
Esqueceste
a cova onde Sangue e olhos
enterraste
Esqueceste e alienado nos salões
ficaste cheirando orquídeas inodoras
sapatinhos de papa ocos
réplicas estéticas à metralha
dos aviões.
Cansado? Inútil? Delinqüente? Vazio?
Quem te poderá julgar?
Eu só sei rasgar enigma
contra razões da terra
olhos que espanto me crava
na lua da tarde que erra.
Presença de transparência
na força que assim me arde
na lua de noite branca
me banho fantasma árvore.
Sombra na sombra lua
enigma junto à janela.
Esqueceste
mas não comigo
esqueceste a lâmpada amarela do abrigo
e as quatro paredes frias.
Esqueceste
mas não comigo,
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